Micros Eus, Música, Storytelling e a Colonização da Consciência por 72 Horas - Brain Bee Ideas e icmpc18
Micros Eus, Música, Storytelling e a Colonização da Consciência por 72 Horas - Brain Bee Ideas e icmpc18
Em nosso modelo neuroafetivo-existencial, entendemos que a consciência não é algo fixo, mas sim um movimento perceptivo-metabólico que se ancora em um "Eu Tensional" - uma configuração momentânea do corpo, da mente e do sentimento dentro de uma tarefa ou relação. Nesse contexto, músicas, narrativas (storytelling), vídeos curtos ou mesmo slogans publicitários funcionam como Micros Eus, ou seja, microativadores simbólicos que ocupam temporariamente o lugar do Eu central e conduzem parte da energia atencional e da interpretação da realidade.
A Música como Micro Eu
A música tem o poder de se tornar um Eu Tensional completo por sua estrutura temporal com início, meio, clímax e fim, além da capacidade de:
* Gerar Anergias: situações emocionais ou contraditórias que não podem ser resolvidas internamente pela configuração de Eu atual;
* Ativar circuitos emocionais e proprioceptivos (via córtex auditivo, limbic system e córtex pré-frontal);
* Induzir fruição com uma direção temporal que organiza a percepção (inclusive corporal);
* Criar pausas, silêncios e respirações que reconfiguram o Eu como uma dança sensório-metabólica.
Essas pausas e suspensões são essenciais: nelas, o cérebro tem chance de metabolizar tensões e retornar à homeostase perceptiva.
Storytelling e o "Sequestrador de Consciência"
Narrativas envolventes funcionam como vetores de identificação. Quando um storytelling ativa um sentimento ou valor profundo (pertencimento, justiça, superação), ele pode ocupar o espaço de Eu central por até 72 horas, mantendo ativa uma estrutura cerebral residual - a memória episódica embebida em emoção. Esse processo, se realimentado por redes sociais, músicas-tema, citações ou imagens, mantém ativa essa consciência alternativa, mesmo que descolada da realidade comum.
É assim que criam-se "eus narrativos" que passam a filtrar o mundo: toda percepção passa a buscar confirmação daquela narrativa — *mesmo que ela seja ilusória ou nociva*.
Tiktok, Shorts, Algoritmos e a Perda do Ser
As plataformas de vídeos curtos e conteúdo instantâneo foram desenhadas para ativar Microuniversos de Eu por ciclos de segundos a minutos. Cada vídeo ativa:
* Um micro Eu,
* Um sistema de crença rápido,
* Uma emoção superficial,
* Uma expectativa não metabolizada (Anergia).
A sucessão rápida desses estímulos cria um colapso do Eu Tensional contínuo, dificultando a formação de uma consciência estável. O indivíduo passa a existir em fragmentos ativados — sem metabolização, sem sentido, sem pertencimento real.
Como Gerenciar o que Gostamos e Acreditamos?
Dica Fundamental: Interrompa o ciclo antes das 72 horas.
Ao sentir-se muito impactado por um conteúdo ou música, pergunte-se:
* “Esse Eu que foi ativado representa o que eu sou no corpo, no agora, ou é uma simulação repetida?”
* “Isso que gostei foi metabolizado no meu corpo ou me deixou em estado de excitação/resistência?”
* “Posso permanecer em silêncio e perceber o que ainda pulsa em mim, sem estímulo externo?”
Se a resposta for desconfortável ou confusa, talvez esse conteúdo seja um "sequestrador de consciência" e não um impulsionador de fruição real.
Proposta de Pesquisa
Para estudantes e pesquisadores:
Estudo com NIRS e EEG pode medir o efeito prolongado de músicas e narrativas emocionais nos padrões de ativação cerebral durante 72 horas, especialmente nos circuitos pré-frontais e limbicos. A manutenção de um Eu Tensional específico poderia ser mensurada pela coerência intersujeito nos microestados de EEG e nos padrões de oxigenação cortical.