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Apus Imagético na Alta Performance - Propriocepção Estendida e Cenários Neurais Antecipatórios em Atletas de Elite

Apus Imagético na Alta Performance - Propriocepção Estendida e Cenários Neurais Antecipatórios em Atletas de Elite



Apus Propriocepção Estendida na Relação Corpo-Espaço
Apus Propriocepção Estendida na Relação Corpo-Espaço

Resumo


Atletas de alta performance realizam tomadas de decisão e ajustes motores em escalas temporais inferiores a 300 milissegundos, o que implica uma antecipação sensório-motora baseada em inferências internas. Este artigo introduz o conceito de **Apus Imagético**, entendido como uma reconfiguração da propriocepção estendida capaz de organizar, em tempo real, múltiplos cenários de ação com base em informações motoras, visuais e contextuais. Fundamenta-se essa proposta com base em evidências de dessincronização da onda Mu (EEG) e em padrões cerebrais chamados **microstates**, oferecendo um modelo teórico-metabólico para a consciência antecipatória na elite esportiva.

Criação do Eu com Apus Imagético de Alta Performance
Criação do Eu com Apus Imagético de Alta Performance

1. Introdução


A capacidade de prever trajetórias, reagir antes da conclusão de um gesto adversário e gerar múltiplos cenários mentais caracteriza o comportamento dos atletas de elite. Trata-se de uma inteligência corporal sincronizada com a fluidez do ambiente, não mediada por deliberação racional, mas por modulações contínuas da corporeidade. A isso se propõe o conceito de Apus Imagético: um campo dinâmico de antecipação sensório-motora, sustentado por propriocepção estendida e por simulação ativa de possibilidades corporificadas.


2. Onda Mu e a Arquitetura do Fazer


As ondas Mu (8–13 Hz) são ritmos alfa sensíveis ao repouso motor. Elas surgem sobre o córtex sensorimotor (regiões C3 e C4 no EEG) e sofrem dessincronização (ERD – Event-Related Desynchronization) imediatamente antes de movimentos voluntários (Pfurtscheller & Lopes da Silva, 1999). A mesma dessincronização ocorre durante imaginação motora* ou simulação de ações, sugerindo que o cérebro ativa padrões preparatórios mesmo sem execução física (Neuper et al., 2005).


Essa dinâmica coloca a intenção motora como um Fazer em formação, metabolicamente real e mensurável. Em esportes complexos, esse Fazer atua como antecipação corporal de múltiplas possibilidades. O corpo, ao ajustar-se antes do movimento visível, estrutura um campo pré-acional que pode ser conceituado como Apus Imagético.


3. Microstates de EEG: A Sequência Funcional do Pensamento Visual-Corporal


Microstates de EEG representam padrões elétricos globais, transientes e estáveis, que duram entre 60 e 120 ms e refletem estágios discretos da atividade mental (Michel & Koenig, 2018). Pesquisas mostram que atletas experientes apresentam microstates mais estáveis, com transições otimizadas, o que está associado à capacidade de manter representações dinâmicas coerentes de ambientes instáveis, como o campo esportivo (Wright et al., 2011).


Esses microstates funcionam como unidades de pensamento: “fotogramas mentais” que integram percepções visuais, cinestesia, decisões e memória espacial. No atleta de elite, essas unidades se conectam a circuitos de decisão visomotora com alta precisão temporal, ampliando a capacidade de prever não apenas a próxima ação, mas **a distribuição de probabilidades futuras do ambiente**.


4. Apus Imagético como Campo Neuroproprioceptivo de Projeção de Cenários


A partir dessas bases, propõe-se que o Apus Imagético seja uma instância de integração sensório-motora e simbólica, onde a corporeidade orienta a ação futura através de ajustes micromotores, simulações visuais e alinhamentos tensionais. Essa noção deriva do conceito andino de Apus — entidades que representam montanhas com consciência territorial — traduzido aqui como propriocepção estendida que atua como eixo coordenador do corpo no território do jogo.


Essa condição envolve:


* Supressão de ritmos Mu em preparação pré-motora;

* Ativação do córtex parietal e pré-frontal durante simulação de movimento (Kosslyn et al., 2001);

* Estabilização e transição de microstates coerentes com a tarefa;

* Redistribuição postural e respiratória com base em vetores prováveis de deslocamento da bola, do adversário ou do próprio corpo.


5. Implicações para a Neurociência Cognitiva e do Esporte


O estudo da antecipação em atletas pode redefinir a compreensão da consciência como ação em antecipação simbiótica com o ambiente. A proposição do Apus Imagético permite a elaboração de modelos experimentais com EEG de alta densidade e análise de microstates para investigar:


* A latência entre a intenção e a decisão somática;

* A coerência entre ritmo cortical e performance;

* A relação entre simulação imagética e performance decisional.


Além disso, a combinação de EEG com fNIRS pode revelar padrões metabólicos complementares associados à construção imagética em regiões motoras e visuais secundárias.


6. Considerações Finais


A elite atlética constrói performances não apenas com treinamento físico, mas com capacidade de imaginar o mundo antes que ele aconteça. O Apus Imagético descreve esse fenômeno como uma dimensão fisiológica e cognitiva onde o corpo, em propriocepção expandida, ativa cenários possíveis por meio de padrões elétricos e tensionais coerentes com os desafios do jogo. Este campo simbiótico entre corpo, cenário e antecipação oferece novas hipóteses de investigação para a neurociência do gesto e da consciência em tempo real.


Referências


* Pfurtscheller, G., & Lopes da Silva, F. H. (1999). Event-related EEG/MEG synchronization and desynchronization: basic principles. *Clinical Neurophysiology*, 110(11), 1842–1857.

* Neuper, C., Scherer, R., Reiner, M., & Pfurtscheller, G. (2005). Imagery of motor actions: differential effects of kinesthetic and visual–motor mode of imagery in single-trial EEG. *Cognitive Brain Research*, 25(3), 668–677.

* Michel, C. M., & Koenig, T. (2018). EEG microstates as a tool for studying the temporal dynamics of whole-brain neuronal networks: A review. *NeuroImage*, 180, 577–593.

* Jeannerod, M. (2001). Neural simulation of action: a unifying mechanism for motor cognition. *NeuroImage*, 14(1), S103-S109.

* Kosslyn, S. M., Ganis, G., & Thompson, W. L. (2001). Neural foundations of imagery. *Nature Reviews Neuroscience*, 2(9), 635–642.

* Wright, M. J., Bishop, D. T., Jackson, R. C., & Abernethy, B. (2011). Functional MRI reveals expert-novice differences during sport-related anticipation. *Neuroscience Letters*, 500(2), 99–103.

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