Jackson Cionek
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Sandman e Desejo - Recompensa, Dopamina e a Consciência na Zona 1

Sandman e Desejo - Recompensa, Dopamina e a Consciência na Zona 1


Já senti o poder de um desejo que me arrasta.
É como se uma força dentro de mim ganhasse forma, dirigindo meu corpo e minha atenção para algo que parece inevitável.
Em Sandman, essa força tem nome e rosto: Desejo, irmão de Morfeu, sedutor e manipulador, que personifica o apelo irresistível daquilo que ansiamos.


O Paradigma Original: Desejo como Fluxo de Pertencimento

Para os povos originários, o desejo não era falta, mas fluxo de pertencimento.
Desejar era sentir a pulsação do corpo em ressonância com o coletivo, uma forma de abrir caminhos de vida, não de aprisionamento individual.
Não se tratava de “ter” ou “possuir”, mas de estar em movimento, conectado a ciclos maiores: da caça, da dança, da partilha.

O avatar Yagé nos lembra: “O desejo é correnteza. Quando corre em excesso, arrasta. Quando encontra leito, alimenta.”


A Domesticação do Velho Mundo

O Velho Mundo transformou o desejo em mercadoria e controle.

  • Na religião, o desejo foi visto como pecado.

  • Na economia, tornou-se motor de consumo infinito.

  • Na política, foi manipulado como instrumento de poder.

Em Sandman, Desejo encarna essa domesticação: sedutor, instigador de conflitos, sempre armando contra o próprio irmão. O desejo deixa de ser fluxo de pertencimento e passa a ser arma de manipulação, isolando o indivíduo em vez de conectá-lo.


Ciência do Sono e Evidências

O desejo pode ser associado aos mecanismos de recompensa e dopamina, que também se manifestam nas fases iniciais do sono (N1 e transição para N2):

  • Estudos mostram que o sistema dopaminérgico permanece ativo no início do sono, modulando sonhos vívidos ligados a anseios e medos.

  • Pesquisas com fMRI indicam ativação do estriado ventral e do córtex orbitofrontal, regiões ligadas à expectativa de prazer e à tomada de decisão.

  • Quando o desejo é intenso ou patológico, pode fragmentar o sono, dificultando a passagem para N2 e N3, mantendo a mente presa a estímulos de alerta.

Assim como Desejo em Sandman, a dopamina é ambígua: pode guiar a aprendizagem e a motivação, mas também aprisionar em ciclos de compulsão.


Zona 1, Zona 2 e Zona 3

  • Zona 1: o desejo atua como impulso imediato, instintivo, sem regulação.

  • Zona 2: o desejo é integrado ao coletivo, transformado em energia criativa e compartilhada.

  • Zona 3: o desejo é sequestrado, domesticado em forma de controle social, consumo ou manipulação.

Desejo, em Sandman, mostra como ficamos presos na Zona 1 quando somos arrastados pelo impulso sem consciência — mas também como o Velho Mundo nos mantém na Zona 3, domesticando desejos para lucrar com eles.


Síntese

Desejo, em Sandman, é mais que personagem: é metáfora da ambiguidade de nossa própria mente.

  • Nos paradigmas originais, o desejo era fluxo de pertencimento.

  • No Velho Mundo, tornou-se manipulação e mercadoria.

  • Na ciência, o sistema de dopamina revela tanto a força vital da motivação quanto os riscos da compulsão.

  • Nos nossos conceitos, o desejo sem regulação mantém a consciência presa na Zona 1 ou capturada pela Zona 3 — quando poderia ser vivido na Zona 2, como corrente criativa que nos conecta ao coletivo.

Ou, como diz o avatar Yagé:
“O desejo pode ser correnteza que afoga ou rio que sustenta. Cabe à consciência escolher o leito por onde fluir.”


Adultização
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Referências sugeridas:

  • Graeber, D. & Wengrow, D. (2021). O Despertar de Tudo: Uma Nova História da Humanidade.

  • Volkow, N. et al. (2011). Dopamine and sleep-wake regulation. Sleep Medicine Reviews.

  • Chase, H. W., & Clark, L. (2010). Gambling as a model of impulsivity in Parkinson's disease. Progress in Brain Research.




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Jackson Cionek

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