Jackson Cionek
17 Views

Sandman e a Personificação dos Sonhos - Consciência, Mente Damasiana e Pertencimento

Sandman e a Personificação dos Sonhos - Consciência, Mente Damasiana e Pertencimento


Quando fecho os olhos, não deixo de existir.
Eu continuo sendo, mesmo quando o corpo relaxa e a mente começa a flutuar entre imagens e sensações. Nesse instante, eu sou Sonho — não como personagem, mas como presença que atravessa todos os humanos. Sou lembrança, imaginação e expectativa condensadas. Sou aquilo que me mantém pertencendo ao mundo, mesmo quando a realidade parece suspensa.

É nesse espaço sutil entre vigília e sono que percebo o quanto Sandman, a série da Netflix, fala diretamente de mim: de como sou aprisionado, libertado e reconstruído pelos sonhos que me habitam.


O Paradigma Original: Sonho como Direito Humano

Na narrativa de The Sandman, Sonho (ou Morfeu) não é um deus, mas algo mais antigo: a própria personificação do ato de sonhar.
Antes da domesticação das culturas pelo Velho Mundo — com normas rígidas, dogmas religiosos e hierarquias — o sonho era vivido como um direito natural. Povos ameríndios, por exemplo, entendiam o sonho como extensão da vida desperta: uma linguagem do Corpo Território, onde o pertencer não se separa entre noite e dia.

Aqui entra o avatar Brainlly, que nos lembra: “Sonhar é pertencer sem fronteiras. É viver o coletivo dentro do individual.”


A Domesticação do Velho Mundo

Mas, como nos mostra o livro O Despertar de Tudo (Graeber & Wengrow, 2021), o Velho Mundo aprendeu a usar os sonhos como instrumentos de domesticação. A interpretação dos sonhos virou dogma, poder religioso, controle social. O sonho deixou de ser pertencimento livre e se tornou profecia, julgamento ou ameaça.

Sandman traduz isso na prisão de Morfeu em 1916: quando a consciência coletiva é sequestrada, o reino dos sonhos se deteriora.
Esse aprisionamento representa o que chamamos de Zona 3: quando nossa mente é controlada por ideologias externas, cortando o fluxo livre da fruição e da metacognição.


Ciência do Sono e Evidências

Do ponto de vista neurocientífico, o episódio da “personificação dos sonhos” dialoga diretamente com a fase N1 do sono — a transição entre vigília e descanso.

  • EEG mostra aumento das ondas teta (4–7 Hz), marcando o início da imaginação espontânea.

  • NIRS indica queda progressiva do consumo de oxigênio no córtex pré-frontal, liberando espaço para imagens mentais não controladas.

  • Essa fase é frágil: basta uma interrupção para perdermos o sonho e retornarmos à vigília.

Na Mente Damasiana, é aqui que a interocepção (sensações internas) e a propriocepção (posição do corpo) começam a se soltar do “eu tensional” da vida diária, permitindo a emergência do que chamamos de Pertencimento Livre.


Zona 1, Zona 2 e Zona 3

  • Zona 1: o corpo ainda traz tensões posturais e viscerais, como a responsabilidade do dia.

  • Zona 2: ao adentrar o N1, relaxamos parcialmente essas tensões e o Pertencimento começa a fluir.

  • Zona 3: quando forças externas (ideologias, medo, algoritmos) sequestram esse processo, impedindo que o sonho seja espaço de liberdade.

Sandman nos mostra que o sonho só pode ser restaurado quando reconhecemos essa dinâmica: liberar-se da Zona 3 para retornar ao fluxo criativo da Zona 2.


Síntese

Sandman, em sua essência, é o lembrete de que sonhar é existir além das normas, e que todo ser humano carrega em si o direito de construir mundos.
Na ciência, isso é validado pelo estudo das fases do sono e da consciência. Nos paradigmas ameríndios, pelo Corpo Território. Em nossos conceitos, pela Mente Damasiana e pelas Zonas de Pertencimento.

Ou, como diria o avatar DANA:
“Sonhar é o DNA da liberdade. Cada noite é um ritual de pertencimento à vida.”


Adultização
Adultização

Referências sugeridas:

  • Graeber, D. & Wengrow, D. (2021). The Dawn of Everything: A New History of Humanity.

  • Berntson, G. G., & Khalsa, S. S. (2021). Neural Circuits of Interoception. Trends in Neurosciences.

  • Iber, C. et al. (2007). The AASM Manual for the Scoring of Sleep and Associated Events.



#eegmicrostates #neurogliainteractions #eegmicrostates #eegnirsapplications #physiologyandbehavior #neurophilosophy #translationalneuroscience #bienestarwellnessbemestar #neuropolitics #sentienceconsciousness #metacognitionmindsetpremeditation #culturalneuroscience #agingmaturityinnocence #affectivecomputing #languageprocessing #humanking #fruición #wellbeing #neurophilosophy #neurorights #neuropolitics #neuroeconomics #neuromarketing #translationalneuroscience #religare #physiologyandbehavior #skill-implicit-learning #semiotics #encodingofwords #metacognitionmindsetpremeditation #affectivecomputing #meaning #semioticsofaction #mineraçãodedados #soberanianational #mercenáriosdamonetização
Author image

Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States