Sandman e a Irmã Morte - REM Tônico, Corpo-Território e Pei Utupe
Sandman e a Irmã Morte - REM Tônico, Corpo-Território e Pei Utupe
Quando penso na morte, não sinto um além — sinto um limite.
Nos instantes de silêncio dentro dos meus sonhos, surge uma presença que não vem para tirar nada de mim, mas para marcar a passagem do que se encerra.
Ela é suave, firme e me lembra que todo final é apenas uma mudança no modo de estar presente no pertencimento.
Em Sandman, essa presença é a Morte, irmã de Morfeu. Diferente dele, pesado e austero, ela é compassiva e humana. Quando a encontro, percebo: a morte não é inimiga, mas parte do ritmo inevitável da consciência.
O Paradigma Original: A Morte como Limite e Pertencimento
Para muitos povos ameríndios, a morte não era ruptura com uma “outra vida”, mas um limite natural dentro do Corpo-Território.
Os Yanomami falam do Pei Utupe: a alma entendida como imagem cerebral (utupe) ligada às emoções (Pei). Ao morrer, não se tratava de viver novamente, mas de reconhecer que aquilo que pertencia ao coletivo permanecia inscrito nas memórias e nos afetos compartilhados.
A morte era, assim, um marcador, lembrando que pertencer significa também aceitar o encerramento.
Aqui, o avatar DANA nos recorda: “A morte não está fora de mim. Ela é meu DNA mostrando que tudo tem um limite no fluxo da vida.”
A Domesticação do Velho Mundo
O Velho Mundo, entretanto, transformou a morte em dogma e ameaça.
Religiões a converteram em promessa de prêmio ou castigo.
Estados a usaram como arma de poder — guerras, execuções, sacrifícios.
A cultura a tornou tabu, afastando-a da vida concreta.
Em Sandman, vemos o contraste: enquanto Morfeu representa o peso do dever, a Morte aparece acolhedora, devolvendo a noção de limite humano sem punição ou recompensa.
Ciência do Sono e Evidências
A relação entre Morte e sonho pode ser associada ao sono REM tônico, fase em que:
O EEG mostra atividade cerebral rápida, mas com relativa estabilidade, diferente do REM fásico.
Há modulação autonômica: o corpo equilibra sistemas simpático e parassimpático.
Pesquisas em NIRS e fMRI indicam que o REM tônico favorece a regulação emocional profunda, funcionando como um fundo estável que sustenta a integração de experiências intensas.
Assim como a Morte em Sandman, o REM tônico não é espetáculo, mas fundo silencioso que permite à consciência lidar com o limite sem colapsar.
Zona 1, Zona 2 e Zona 3
Zona 1: a morte é reduzida a evento biológico, vista apenas como cessação do corpo.
Zona 2: a morte é reconhecida como limite de pertencimento — uma passagem do individual ao registro coletivo.
Zona 3: a morte é sequestrada por ideologias e transformada em instrumento de medo e poder.
A Morte em Sandman nos convida a sair da Zona 3 (medo e domesticação) e a reconhecer a Zona 2 (consciência de limite e pertencimento).
Síntese
A Morte, em Sandman, não é o fim absoluto, mas a lembrança de que pertencer inclui encerrar-se.
Nos paradigmas originais, era o limite que reafirmava a vida coletiva.
No Velho Mundo, foi domesticada como dogma, medo e controle.
Na ciência, o REM tônico mostra como o cérebro regula emoções frente a experiências-limite.
Nos nossos conceitos, ela é o Corpo-Território no seu limite e o Pei Utupe como inscrição de memória e afeto, sem promessa de continuidade.
Ou, como diria o avatar DANA:
“Morrer é apenas mudar a forma de estar no pertencimento. Nada além, nada depois.”
Referências sugeridas:
Graeber, D. & Wengrow, D. (2021). O Despertar de Tudo: Uma Nova História da Humanidade.
Iber, C. et al. (2007). The AASM Manual for the Scoring of Sleep and Associated Events.
Scarpelli, S. et al. (2019). The functional role of dreaming in emotional processes. Frontiers in Psychology.
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