NIRS - É possível prever desempenho cognitivo com base em experiências passadas? (Priming Effect)

Tenho certeza que hoje você já tomou uma atitude baseada em experiências passadas, seja na compra de um produto que já conhece a marca, na escrita de um texto com base em um estudo anterior, no exercício físico que executou corretamente semana passada; enfim, a todo momento estamos tomando decisões levando em conta aprendizados ou experiências pregressas. 

Porém já parou para pensar que o seu desempenho futuro em atividades cognitivas também pode ser previsto com base no seu desempenho do presente? Muitas vezes sabemos de onde uma atitude vem, mas não conseguimos explicar exatamente o porquê. 

Tentando justamente entender como o cérebro se comporta diante desses questionamentos, um grupo de estudos da Universidade de Drexel analisou o comportamento cognitivo de 23 voluntários durante três dias diferentes por meio de uma integração do NIRS com EEG. 

O experimento consistia na realização de atividades de duração entre 60 e 90 minutos, uma vez por semana, durante três semanas. As atividades, que foram divididas em três blocos,  eram realizadas em um computador e os voluntários interagiam com o experimento por meio do mouse e teclado. O primeiro bloco era caracterizado pelo aparecimento de um sinal de mais na tela, toda vez que o sinal aparecesse, eles deveriam pressionar a tecla enter do teclado. O segundo bloco também contava com o aparecimento do mesmo símbolo, porém depois de ms ele se transformava em uma bandeira, ainda assim eles deveriam clicar na tecla enter. Já no terceiro bloco, após 150ms de aparecimento do sinal de mais, ele se transformava em uma caveira e os voluntários eram instruídos a não interagir com o teclado. 

Durante os experimentos, além dos dados do NIRS e EEG, foram adquiridos tempos de resposta, acurácia, precisão, taxas de falsos positivos e taxas falsos negativos. Ao analisar essas informações, foi percebido que houve um padrão entre os traçados do eletroencefalograma e resultados do NIRS, apontando para uma forte correlação entre os eventos do passado e futuro. 

Ao cruzar essas informações com as variáveis de tempo de resposta, acurácia e precisão, foi detectado que também há forte relação entre as variáveis no tempo, entre ações realizadas antes e depois.

Dessa forma, os cientistas concluíram que as evidências do trabalho foram suficientes para comprovar que é possível detectar um padrão comportamental entre EEG e NIRS de forma a prever as ações das pessoas diante de atividades que elas já estão habituadas a fazer.

Isto abre um leque de oportunidades dentro das pesquisas neurocientíficas de caráter preditivo de eventos, juntamente com a neurociência computacional. 

Referências

Ayaz, H., Curtin, A., Mark, J., Kraft, A., & Ziegler, M. (2019, October). Predicting Future Performance based on Current Brain Activity: An fNIRS and EEG Study. In 2019 IEEE International Conference on Systems, Man and Cybernetics (SMC) (pp. 3925-3930). IEEE.