Jackson Cionek
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Música, Percepção e Cognição - O Artista Dando Fluxo à Anergia Popular

Música, Percepção e Cognição - O Artista Dando Fluxo à Anergia Popular

Por Jackson Cionek


A Música como Fenômeno Cognitivo Vivo

A música não é apenas som: ela é uma ativação consciente de tensões e resoluções que modelam o cérebro como se fosse um "micro-Eu". Ela cria e dissolve estados de atenção, induz emoções bioelétricas breves e mobiliza sentimentos mais profundos, estáveis — aqueles que sustentam nossos Eus Tensionais. A música é percepção organizada, processada cognitivamente em tempo real, com potencial para restaurar harmonia metabólica e social.


Percepção e Cognição: Uma Experiência Corporificada

A percepção é uma realidade individual. Ela nasce da interação entre o corpo (com seus 12 sentidos, incluindo o Quorum Sensing Humano – QSH proposto por nós), o ambiente e as memórias sensório-afetivas disponíveis no momento. Já a cognição é o processamento dessa percepção, orientada por atenção, contexto e expectativas — ou seja, pelos Eus Tensionais que nos guiam.


Aneurenergia Coletiva e o Sono REM

Ao longo do dia, vivemos tensões não metabolizadas — experiências emocionais que, por não terem tido expressão ou resolução, se acumulam como "anergia": energia bloqueada, impedida de se tornar ação, fala, choro ou dança.

O cérebro precisa de mecanismos para liberar essa carga. Um deles é o sono REM, especialmente suas fases:

  • REM Tônico: reorganiza os padrões motores e proprioceptivos; ajusta a percepção corporal e a fluidez da consciência sobre o movimento.

  • REM Fásico: promove explosões sensório-emotivas simbólicas, simulando cenários e emoções que não puderam ser expressos em vigília. Aqui o cérebro pode dissolver, reencenar ou reconfigurar os Eus Tensionais.

Esse ciclo de sono atua como um “artista interno”, dando vazão onírica à anergia acumulada.


O Artista como Facilitador de Metabolismo Social

Mas nem todos conseguem acessar esse processo plenamente no sono. É aqui que entram os artistas — e, em especial, os músicos.

A música oferece um caminho simbólico e corporal para liberar tensões. Ao organizar sons em estruturas rítmicas, melódicas e harmônicas, ela ativa no ouvinte memórias corporais e afetivas. E mais: ela convida o público a simular e vivenciar outros Eus, criando espaço interno para que a anergia encontre fluxo.

Assim como no REM fásico, o corpo é mobilizado simbolicamente: ouvimos e sentimos, respiramos diferente, nos emocionamos. Um artista que acessa e expressa a dor popular, o medo reprimido, o amor não vivido ou a indignação silenciada está dando forma e movimento à anergia do coletivo.


A Música como "Micro Eu" Ativado

Cada composição musical pode ser compreendida como um micro Eu Tensional: uma narrativa emocional com começo, meio e fim. Ao escutá-la, percorremos esse caminho como se fosse nosso — e isso gera um efeito profundo de limpeza psicoafetiva, de restauração do metabolismo mental.

Essa ideia se ancora em pesquisas recentes sobre:

  • EEG Microstates (Michel & Koenig, 2018): a música ativa microestados neurais que correspondem a padrões de atenção e processamento emocional.

  • Default Mode Network e Imaginação Muscular (Koelsch, 2014): a música atua nas redes relacionadas à autoimagem e ao fluxo narrativo interno.

  • REM Sleep Emotion Processing (van der Helm & Walker, 2011): o sono REM — e análogos como experiências musicais intensas — ajuda a "digerir" emoções e restaurar o equilíbrio afetivo.


Quorum Sensing Humano e Arte: A Regulação Coletiva

Se nossa proposta do Quorum Sensing Humano (QSH) indica que pertencimento e identidade são modulados por bioafetividade e sincronia social, então o artista — ao canalizar as tensões do grupo — se torna um regulador de homeostase coletiva.

Um bom show, uma roda de samba, um coral de igreja ou uma sinfonia nos conecta como se estivéssemos sonhando juntos.


Conclusão: Música como Fluxo de Cura

A arte — e a música em particular — é mais do que estética: é função vital. Ela é um modo de metabolizar a anergia do dia, assim como o REM fásico é uma válvula psiconeural.

O artista, ao ativar seu micro Eu tensional em música, permite que o povo, o coletivo, tenha acesso a esse mesmo fluxo.

Na era das redes sociais, onde anergias se acumulam em ciclos de indignação a cada 72 horas, talvez seja urgente reconectar com aquilo que nos alinha: o corpo, o ritmo, o pertencimento.


Referências Sugeridas:

  • Koelsch, S. (2014). Brain correlates of music-evoked emotions. Nature Reviews Neuroscience.

  • van der Helm, E., & Walker, M. P. (2011). Sleep and emotional memory processing. Psychological Bulletin.

  • Michel, C. M., & Koenig, T. (2018). EEG microstates as a tool for studying the temporal dynamics of whole-brain neuronal networks. NeuroImage.

  • Altenmüller, E., & Schlaug, G. (2015). Music, brain, and health: An interdisciplinary approach. Progress in Brain Research.

  • Jackson Cionek (2024). Yãy hã mĩy e os Eus Tensionais: A Cognição Musical como Liberação de Pertencimento Bioafetivo. Blog NeuroInsight.

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