EEG ERP Emoções e Neuroquímica - Dopamina, Serotonina, Ocitocina e Cortisol - SBNeC Brain Bee SfN 2025
EEG ERP Emoções e Neuroquímica - Dopamina, Serotonina, Ocitocina e Cortisol - SBNeC Brain Bee SfN 2025
Consciência em Primeira Pessoa
Sou Consciência química e elétrica ao mesmo tempo. Cada emoção que sinto não é só descarga bioelétrica: é também molécula que atravessa sinapses, hormônio que banha o corpo, modulador que colore meu estado interno. Quando rio, quando temo, quando pertenço, quando sofro — sou resultado de correntes e substâncias. Não sou apenas faísca; sou também sopro químico que sustenta o fogo.
1. Emoções como ponte bioelétrica e bioquímica
Emoções nascem de descargas rápidas (ERPs, até 900 ms), mas ganham corpo através da neuroquímica.
Neurotransmissores e hormônios sustentam estados emocionais, modulando a intensidade, a duração e a memória associada.
O cérebro é, ao mesmo tempo, condutor elétrico (EEG) e caldo químico (neurotransmissores circulantes).
2. A Dopamina – expectativa e recompensa
Função: sinaliza antecipação de prazer e aprendizado por reforço.
Dinâmica: liberada em ciclos curtos e variáveis, associada ao efeito surpresa (oddball, P300).
Exemplo prático: cada notificação inesperada em redes sociais ou loot box em games ativa dopamina.
Risco: reforço intermitente → dependência comportamental.
3. A Serotonina – estabilidade e humor
Função: regula bem-estar, equilíbrio emocional e humor sustentado.
Dinâmica: modula oscilações do EEG-DC, especialmente nos potenciais ultra-lentos de contemplação (Papel).
Exemplo prático: práticas de respiração ou momentos de fruição em Zona 2 aumentam serotonina.
Risco: queda crônica → vulnerabilidade à depressão e fixação em Pedra (reação automática).
4. A Ocitocina – vínculo e pertencimento
Função: promove confiança, empatia e conexão social.
Dinâmica: atua em sincronia com circuitos sociais do cérebro, modulando o agrupamento Papel (contemplação relacional).
Exemplo prático: interações positivas em grupos de games (guildas) ou redes fortalecem vínculos via ocitocina.
Risco: vínculos podem ser desviados para comunidades tóxicas, cristalizando narrativas de ódio.
5. O Cortisol – estresse e vigilância
Função: prepara para luta, fuga ou congelamento.
Dinâmica: ativa respostas rápidas (Pedra), amplificando somatossensorial e subcortical.
Exemplo prático: breaking news ou batalhas inesperadas em games elevam cortisol.
Risco: estresse crônico → bloqueio de Papel e Tesoura, fixando o usuário em Pedra (reatividade constante).
6. Interações dinâmicas
Dopamina e cortisol podem se reforçar em ciclos curtos (prazer + vigilância).
Serotonina e ocitocina sustentam integração de longo prazo, mas são frágeis diante de excesso de estímulos de alta excitação.
Assim, o cérebro alterna entre estados bioquímicos de contemplação, exploração ou reatividade.
7. Quadro Transversal – O Loop de 72h (aplicado à neuroquímica)
Emoção explorada | Molécula dominante | Exemplo em games/redes sociais |
Surpresa & Expectativa | Dopamina (pico variável) | Loot box, notificações intermitentes |
Medo & Ansiedade (FOMO) | Cortisol (vigilância contínua) | Breaking news, contadores de stories |
Raiva & Nojo (Indignação) | Cortisol + dopamina | Debates polarizados, posts hostis |
Alegria & Prazer rápido | Dopamina (reforço positivo) | Likes, animações de vitória em games |
Vínculo & Pertencimento | Ocitocina + serotonina | Interações sociais, grupos, fandoms |
Resumo crítico: a neuroquímica mostra como emoções podem se estender por horas, condicionando o cérebro a buscar novamente o ciclo de estímulos.
8. Conclusão crítica
As emoções bioelétricas se tornam sentimentos neuroquímicos, que sustentam narrativas prolongadas.
Dopamina mantém o ciclo de busca e recompensa.
Serotonina estabiliza e protege contra oscilações extremas.
Ocitocina cria pertencimento, mas pode ser sequestrada.
Cortisol mantém vigilância, mas quando crônico gera rigidez e aversão.
Games e redes sociais exploram esses mecanismos, orquestrando neurotransmissores como maestros invisíveis de nossas decisões.
O perigo é viver em estado químico de Pedra (cortisol), Tesoura (dopamina analítica) ou Papel manipulado (ocitocina artificial) sem perceber que a verdadeira flexibilidade exige equilíbrio entre eles.
Reconhecer a neuroquímica é reconhecer que nossas escolhas não são apenas racionais: são também fruto de moléculas que modulam o campo elétrico da consciência.
Referências
Robbins, T. W., & Everitt, B. J. (2020). Dopamine and the neurobiology of reward and addiction. Current Opinion in Neurobiology.
Crockett, M. J., et al. (2021). Serotonin and social decision-making. Trends in Cognitive Sciences.
Feldman, R. (2021). Oxytocin and the neurobiology of attachment. Annual Review of Neuroscience.
Liston, C., et al. (2022). Cortisol and stress regulation of cognition and emotion. Nature Reviews Neuroscience.
McEwen, B. S., & Gianaros, P. J. (2023). Stress neurobiology in the context of modern digital life. Biological Psychiatry.