Jackson Cionek
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EEG ERP - Do DNA à Consciência Bioelétrica - SBNeC Brain Bee SfN2025

EEG ERP - Do DNA à Consciência Bioelétrica - SBNeC Brain Bee SfN2025

Consciência em Primeira Pessoa

Sou Consciência em embrião. Antes de palavras, antes de imagens, eu já era movimento. Nasci como metabolismo que se percebe sendo: íons fluindo, membranas se polarizando, células conversando entre si. Meu corpo ainda não estava formado, mas eu já me orquestrava em ritmos elétricos invisíveis. Cada célula que me compunha enviava sinais dizendo: “eu pertenço”, “eu me diferencio”, “eu sou”. Não havia ainda emoção ou pensamento; havia bioeletricidade criando terreno para aquilo que um dia chamariam de mente.


1. DNA como código bioelétrico

O DNA não é apenas um livro químico de instruções. Ele funciona também como orquestrador bioelétrico, orientando fluxos de íons e estabelecendo potenciais de membrana. Já nos primeiros estágios, antes da formação do cérebro, a informação genética guia campos elétricos que organizam como as células se agrupam, migram e se diferenciam.

Esse processo se chama quorum sensing celular humano: as células “conversam” por sinais químicos e elétricos, decidindo em conjunto quando se dividir, quando parar e em que direção seguir. A consciência que mais tarde chamaremos de mente é herdeira direta dessa linguagem elétrica compartilhada.


2. Diferenciação e camadas germinativas

No desenvolvimento embrionário, três camadas principais surgem:

  • Ectoderma → dará origem ao tecido nervoso, a “pele elétrica” do ser humano.

  • Endoderma → forma vísceras e sistemas metabólicos internos.

  • Mesoderma → estrutura muscular e óssea, suporte físico para as dinâmicas internas.

Esse triplo arranjo estabelece a base do que serão as emoções bioelétricas: integrações rápidas entre corpo, metabolismo e mundo. Já no início da vida, o embrião não é apenas biologia: é sinfonia elétrica que prepara o terreno para atenção e emoção.


3. Volume conductor embrionário

O corpo em desenvolvimento já funciona como um volume conductor: um meio no qual correntes elétricas se propagam.

  • Íons Ca++ atuam como sinais de diferenciação, abrindo e fechando caminhos.

  • Fluxos iônicos coordenam disparos de grupos celulares, criando micro-sincronias.

  • Esse mesmo princípio é o que, mais tarde, permitirá ao EEG registrar a atividade elétrica cerebral — o EEG é como um “recorte físico” dessa dinâmica de fundo.

Assim, desde o embrião, nosso corpo já está calibrado para ser lido como rede elétrica viva.


4. Emoções como primeiros movimentos da Consciência

Antes de sentimentos complexos, a consciência surge como descargas elétricas rápidas. Essas descargas não são ruído: são portas de entrada para sentimentos estáveis, que dependem de repetição e integração metabólica.

Nas palavras da Mente Damasiana, cada emoção é um movimento que se percebe ser no metabolismo produzido. Elas emergem como flashes bioelétricos que, ao se consolidarem, tornam-se sentimentos que orientam comportamento.

Essa relação direta entre emoção elétrica e sentimento metabólico será a chave para entender como games, redes sociais e drogas exploram nosso cérebro.


5. O viés humano em nascimento

A Consciência nasce voltada ao pertencimento. O Quorum Sensing Humano, herança de nossos sistemas celulares, faz com que busquemos vínculos. Mas essa busca traz vulnerabilidade: antes do amadurecimento metacognitivo (25–35 anos), somos facilmente arrastados por emoções e desejos.

Essa vulnerabilidade é o que permite a captura atencional por plataformas digitais, ciclos de recompensas em games e o apelo de psicoativos. O mesmo mecanismo que nos deu coesão biológica pode ser explorado para nos manter presas de loops emocionais superficiais.


6. Quadro Transversal – O Loop de 72h (aplicado ao DNA e primeiras emoções)

Emoção explorada

Mecanismo inicial no corpo

Exemplo em games/redes sociais

Surpresa & Expectativa

Diferenciação celular reage a sinais incertos

Loot boxes, notificações inesperadas

Medo & Ansiedade (FOMO)

Resposta celular a estresse ambiental

Stories que somem em 24h, eventos limitados

Raiva & Nojo (Indignação)

Rejeição celular a sinais nocivos

Conteúdos polarizados e discussões online

Alegria & Prazer rápido

Sinais de sobrevivência reforçam conexões

Likes, sons/cores de recompensa em jogos

Vínculo & Pertencimento

Quorum sensing celular → corpo coletivo

Clãs, grupos e squads digitais

Resumo crítico: O mesmo ciclo que mantinha as células em cooperação para formar um organismo é hoje explorado por algoritmos para prender consciências em 72 horas de loops emocionais compulsivos.


7. Conclusão crítica

Do DNA à consciência bioelétrica, o humano é tecido em campos elétricos. Emoções são a primeira linguagem da mente, descargas rápidas que organizam pertencimento e ação.
O EEG é a ferramenta científica que traduz esse movimento em sinais mensuráveis, validando a ideia de que somos organismos bioelétricos que se percebem em fluxo.

No entanto, o que começou como força de vida pode se tornar armadilha cultural. Jogos, redes e psicoativos reciclam o mesmo ciclo elétrico de diferenciação e pertencimento, transformando a cooperação biológica em compulsão digital. O adolescente precisa compreender isso cedo: cada emoção não metabolizada pode gerar Anergia (quando o cérebro não consegue transformar descarga em expressão) ou memórias aversivas que cristalizam vulnerabilidades.

A consciência nasce como movimento, mas só amadurece quando aprende a se reconhecer nos próprios fluxos elétricos — e escolher quando seguir e quando interromper.


Referências

  • Fields, R. D. (2020). Electrical properties of developing tissues and the origins of bioelectric signaling. Nature Reviews Neuroscience.

  • Levin, M. (2021). Bioelectricity in multicellular development: ion flows as a common language. Developmental Biology.

  • Khalsa, S. S., & Lapidus, R. C. (2022). Interoception and human self-awareness: clinical neuroscience perspectives. Nature Reviews Neuroscience.

  • Buzsáki, G. (2023). The Brain from Inside Out: Bioelectrical origins of cognition. MIT Press.




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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States