Humanos como animais sociais: a importância da cooperação

11/11/2018 09:13:56 Author: Bruna

Em posts anteriores, relatamos a existência de diferentes animais sociais e expomos um pouco de suas organizações. Em comum, podemos ver a ênfase no trabalho em grupo nas mais diversas atividades. ( Link do post: https://brainlatam.com/blog/animais-sociais-e-o-que-isso-tem-a-ver-com-neurociencia-204). Sabendo que os humanos também se classificam como animais sociais, o que será que temos em comum com esses outros organismos? O que ser um animal social interfere na nossa vida?



Quando estamos imersos em nossas vidas cotidianas, aproveitando das mais diversas tecnologias, fica difícil imaginar quais pressões seletivas nos levaram ao que somos hoje. Estudando a evolução humana, observa-se que muito do nosso sucesso evolutivo advém da capacidade de cooperar com o outro. 


Com a descoberta do fogo e a melhor manipulação de ferramentas, os hominínios antigos conseguiram reformular quase que totalmente sua dieta, obtendo refeições mais ricas por menos tempo de caça, podendo então se dedicar a outras tarefas com o tempo “de sobra”.
R
egistros paleoantropológicos sugerem que essa mudança na alimentação (maior ingestão de proteínas, principalmente) pode ter permitido, ao longo de gerações, um aumento no  tamanho dos cérebros de certas linhagens hominínias.

Relações de parentesco entre homíninios extintos, humanos e australopitecineos


Quais são as vantagens de um cérebro maior?

Existem muitas hipóteses e, dentre elas, cita-se a maior capacidade de conexões neuronais devido ao maior número de células. Assim, essa rede mais vasta de conexões permitiria o acúmulo maior de informações sobre o ambiente e sobre os demais individuos.
Um cérebro maior demanda, entretanto, muita energia. Assim, o compartilhamento de comida tornou-se tão importante quanto a capacidade de obter comida individualmente.

Um cérebro maior estaria relacionado, portanto, com a maior cooperação entre indivíduos de um mesmo grupo e/ou de grupos distintos.

Os grupos sociais humanos tornaram-se cada vez maiores e mais complexos, exigindo um sistema de comunicação e organização que acompanhasse essa complexidade. Mais do que se comunicar com outro, é necessário compreender o outro a ponto de saber o que ele quer dizer, mesmo sem dizê-lo.

Com isso, temos um aspecto da cognição social humana muito importante para o desenvolvimento da linguagem que temos hoje: ostensive-inferetional communication.  Esse sistema de comunicação funciona de modo que quem emite o sinal fornece evidências de suas intenções, e os receptores interpretam essas evidências para inferir os significados.A partir disso, é possível o desenvolvimento de uma linguagem rica em símbolos e que um símbolo pode ter mais de um significado a depender do contexto.


Além da linguagem, um outro aspecto da nossa vida que parece atrelado a nossa forma de organização social é a menopausa.


Menopausa??? Pois é!


Na maioria dos animais, a capacidade reprodutiva só cessa quando a vida do animal acaba. Nos humanos, quando as mulheres atingem certa idade, sua capacidade reprodutiva cessa enquanto suas outras funções biológicas permanecem intactas. Dentre muitas hipóteses que surgiram para tentar explicar o porquê desse fato, temos a chamada Hipótese das Avós.

Pesquisas indicam que em grupos de caçadores-coletores, as mulheres entravam em menopausa por volta dos 40 anos e continuavam como membras ativas do grupo. Até o fim da sua vida, poderiam se dedicar a procurar alimentos e cuidar de outros integrates do grupo, além de contribuir com a sua experiência. A hipótese, portanto, sugere que os benefícios da menopausa superam os custos de cessar a reprodução e, por isso, pode ter permanecido na nossa espécie.  


Como podemos ver, muitos aspectos do nosso desenvolvimento está atrelado a nossa natureza social. Desde a criação de uma linguagem complexa até a construção de grandes civilizações, a capacidade de reconhecer e cooperar com o outro se mostra indispensável. O conhecimento de outros organismos sociais e eussociais é de extrema importância para que possamos ter consciência da nossa própria natureza e, assim, conseguir compreender mais a fundo nosso comportamento e função dentro da nossa sociedade.


Referências e materiais para matar curiosidades

Catriona Silvey; Speaking Our Minds: Why human communication is different, and how language evolved to make it special , by Thom Scott-Phillips , Journal of Language Evolution, Volume 1, Issue 1, 1 January 2016, Pages 88–90, https://doi.org/10.1093/jole/lzv002

https://www.quora.com/Are-humans-eusocial

https://www.npr.org/sections/goatsandsoda/2018/06/07/617097908/why-grandmothers-may-hold-the-key-to-human-evolution?utm_source=pocket&utm_medium=email&utm_campaign=pockethits 




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Autor:

Bruna Rezende

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