Nós, máquinas humanas, alucinamos a nossa realidade em estados diluídos de consciência

31/01/2019 02:41:01 Author: Willian Barela Costa

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“O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência de si mesma.”

-Abraham Maslow
       A humanidade é cercada de anseios que residem no berço de sua história. Uma busca pela própria origem, sentidos, extrapolação do ser.

              Dentre peregrinações mergulhadas em perguntas sobre si, a consciência é o assunto que atormenta o âmago de nossa espécie. A neurociência e campos de inteligência artificial começaram a arranhar a superfície de seu funcionamento biológico há poucas décadas.

              Dr. Anil Seth é um dos neurocientistas e pensadores mais modernos que estão na jornada de descobrir a ciência por de trás. Para ele estados alterados de consciência alteram a sua própria percepção da realidade. Uma realidade mutável e inventada.

              Ele ainda vai além, se uma realidade é inventada, ela é alucinada e neste contexto somos uma máquina biológica que alucina a cada percepção do real em mecanismos hierárquicos da consciência. De maneira lúdica no TED, ele explica em resumo a cruzada que a ciência faz em busca dos mecanismos que funcionam a consciência e como sua teoria de alucinação se encaixa:





              Os estados alterados de consciência (alteração do padrão mental que leva o indivíduo a experienciar sua consciência radicalmente em diferentes formas além dos seus padrões “normais” [1,2]), diferentes versões de você mesmo, podem ser claramente notados sobre efeitos de drogas farmacológicas psicoterápicas ou alucinógenas.  Neste sentido Seth vê uma oportunidade para estudar os mecanismos por de trás da percepção da consciência.

              Os efeitos psicoativos dos fármacos é uma ferramenta potencialmente importante para ciência da consciência e da psiquiatria. Para isto ele estabelece uma metodologia chamada de “Máquina alucinógena” [1], uma combinação de experimentos com comportamento em tela dentro da realidade virtual em conjunto com redes neurais artificiais para estudar a participação dos sistemas visuais na alucinação humana.

              Seu intuito maior é encontrar condições que induzam estados alterados da consciência sem a necessidade das drogas.

              Na imagem abaixo vemos um ambiente simulado chamado “Sonho profundo” criado por uma inteligência artificial inspirada no funcionamento visual do cérebro humano:

              Seth comprova com essa metodologia que os participantes submetidos a essa condição experimental de neurofeedback visual são induzidos a estados alterados de consciência naturalmente sem a necessidade de psicoativos fazendo experienciar magnitudes de sensações e distorções temporais na alucinação. 

              Na imagem abaixo vemos as comparações de algumas experiências humanas sem efeito de estados alterados da consciência (controle) com a alteração na metodologia “ Máquina alucinógena”. Na direita a comparação da “Máquina alucinógena” com indivíduos sobre efeito de psicoativo (psilocibina):



              Essa nova linha de pesquisa de Seth nos faz questionar muito das certezas que temos como humanos sobre o que é real ou apenas uma ilusão do que acreditamos existir. Um falso existencialismo, o ilusório “eu” unitário onde na verdade assume diferentes versões que existem nos estados alterados de consciência.

              A neurociência nos traz importantes ensinamentos sobre os nossos sentidos que vão muito além das arcaicas percepções de visão, audição, paladar e olfato. Temos mais riqueza, temos somatossensorial uma percepção que nos permite experimentar sensações nas partes distintas do seu corpo e fora dele. Agora estamos explorando a alucinógena, como construímos nossas sensações de realidade atreladas aos nossos estados da mente.

 

Referências:

[1] Keisuke Suzuki, Anil K. Seth et al , A Deep-Dream Virtual Reality Platform for Studying Altered Perceptual Phenomenology, Keisuke Suzuki, Anil K. Seth et al, Nature Scientific Reports, 2017.

[2] Tart, C. T. Scientific Foundations for The Study of Altered States of Consciousness. Sci. Found. study altered states Conscious, 1972 .

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Autor:

Willian Barela Costa

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