Astrócitos versus neurônios: o papel da neuroglia na neurodegeneração

30/11/2023 06:34:13 Author: Bruna Rezende
Mesmo com grandes avanços no estudo da neuroglia, ainda são poucos os trabalhos que investigam o papel dos astrócitos em doenças neurodegenerativas ou que tenham essas células como alvo para a produção de medicamentos.

Além disso, muito dos estudos envolvendo a glia foram feitos principalmente em camundongos e, atualmente, sabe-se que o funcionamento dessas células em humanos segue diferentes padrões. 

Pesquisadores do NYSCF Research Institute desenvolveram um protocolo que permite a produção de astrócitos a partir de células-tronco embrionárias humanas.

Figure thumbnail fx1CD49F+ é um marcador eficiente para a produção de astrócitos a partir de células tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) 

A utilização dessas células permitiu a investigação da atuação das células gliais na neurodegeneração, trazendo resultados muito interessantes e comportamentos curiosos por parte dos astrócitos; podendo auxiliar, futuramente, no desenvolvimento de tratamentos para Alzheimer e Parkinson, por exemplo. 

Você já imaginou um astrócito se rebelando e matando um neurônio? 

Estudos feitos em camundongos pelo professor Shane Liddelow mostraram que, sob condição de inflamação, os astrócitos pareciam atacar as células neuronais, além de não desempenharem suas funções principais. Para investigar se esse comportamento “rebelde” se repetia no “ambiente” humano, Dr. Fossati e colaboradores submeteram seus astrócitos, produzidos a partir de células-tronco em laboratório, ao microambiente principal encontrado em pacientes com doenças neurodegenerativas: inflamação. 




Após a exposição,  secreções produzidas pelos astrócitos eram coletadas e “transferidas” para os neurônios, de modo que o observado foi semelhante aos resultados obtidos em camundongos: Os astrócitos atacavam os neurônios! 
Aparentemente, os astrócitos produzem secreções que contêm toxinas que, além de impedirem seu funcionamento normal, matam os neurônios. 

O que isso quer dizer? 

Essas células “rebeldes” sob condições patológicas podem ser um alvo para o desenvolvimento de tratamentos para doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.

Além disso, pode-se pensar em relacionar o mal funcionamento dos astrócitos com outras disfunções do sistema nervoso, como os que levam a comportamentos compulsivos. Indo mais longe, podemos até mesmo pensar em usar os astrócitos como alvo para “desligar” certas conexões neuronais potencialmente prejudiciais ao organismo. Há muitos caminhos possíveis! 

Se quer saber mais sobre as pesquisas sobre a neuroglia, acesse Neuroglia and cousciosuness 


Referências: 

Barbar, Lilianne, et al. “CD49f Is a Novel Marker of Functional and Reactive Human IPSC-Derived Astrocytes.” Neuron, 2020, doi:10.1016/j.neuron.2020.05.014.

Penney, J., Ralvenius, W.T. & Tsai, L. Modeling Alzheimer’s disease with iPSC-derived brain cellsMol Psychiatry 25, 148–167 (2020). https://doi.org/10.1038/s41380-019-0468-3

When astrocytes attack: Stem cell model shows possible mechanism behind neurodegeneration
 
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Autor:

Bruna Rezende

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